sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

O terrorismo é uma questão subjetiva?

O que caracteriza um  ato terrorista? Infiltrar uma rede de espionagem em um país para tentar evitar ataques  terroristas a sua nação é um ato de contra terrorismo ou de terrorismo?  Bem, de acordo com o  livro "Os Últimos Soldados da Guerra Fria" do multipremiado jornalista Fernando Morais, depende do referencial. Se o país que infiltra agentes em uma nação inimiga para evitar um ataque terrorista a sua pátria for os Estados Unidos, isso é contra terrorismo. Já se o referencial for Cuba, é ato terrorista sim. Partindo dessa premissa, Fernando Morais faz uma análise de como que as organizações Anticastristas  radicadas nos EUA(mais precisamente  no estado da Flórida) patrocinam atentados contra o Regime em Havana, contando em muitas vezes com a cumplicidade ou com a negligência do governo estadunidense. Sendo assim, o governo cubano no início da década de 90, acaba por infiltrar um grupo de agentes (Rede VESPA) que se  instalam nessas organizações que agem contra o regime cubano para alertar Cuba e evitar que ocorram ataques ao país. Fernando é hábil ao retratar a vida de cada um desses agentes, desde suas vidas pessoais, até o momento em que fingem desertar da ilha comunista, abdicando de tudo em nome do país. Sim, eles não podem contar a verdade nem mesmo pra própria família. Fugindo do clichê dos filmes, onde os espiões quase sempre levam uma vida de luxo e de “aventuras”, os espiões da rede VESPA têm de enfrentar uma jornada de trabalho pesada nos EUA e muitas vezes, passando por privações econômicas e sociais. Apesar de o referido autor ser um militante ferrenho do regime Castrista, o tom da sua narrativa não deixa de esconder os problemas e as disputas do regime comunista em lidar com a rede VESPA e as organizações antigoverno nos EUA. Aliás, o livro tenta mostrar a todo o momento (com documentos e fotos que provam o que é retratado) que  existe uma grande hipocrisia e um imenso desconhecimento ao se tratar do caso  sempre do ponto de vista estadunidense. A arrogância e a falta de isonomia do país presidido na época por Bill Clinton ao lidar com o processo é absurda. E as comparações com a ocupação e a violação da soberania dos países “ocupados” pelos EUA no Oriente Médio é latente. Contando com um desfecho bastante forte e que nos deixa perplexos pela falta de justiça, o livro retrata a espionagem sobre um ponto de vista muito mais humanista do que ufanista. Um ótimo livro sobre como a ideia de Terrorismo não passa de um ponto de vista.

8 Estrelas em 10

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